Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) investiga se as escolas particulares do Brasil promovem uma alimentação saudável em suas cantinas. Resultados preliminares indicam que em municípios com legislação específica sobre o tema, a oferta de produtos como frutas frescas e suco natural é maior, enquanto a comercialização de chocolates, refrigerantes e salgadinhos diminui.

O projeto, intitulado “Comercialização de Alimentos e Bebidas em Cidades Brasileiras” (Caeb), envolve diversas instituições públicas, incluindo a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Iniciado em maio, o estudo começou a visitar cantinas em junho deste ano, concluindo coletas em Porto Alegre (RS) e Niterói (RJ), com resultados preliminares de Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro. A pesquisa será estendida a todas as capitais do país, começando por Brasília (DF), Salvador (BA), Aracaju (SE) e Recife (PE).

Letícia Cardoso, integrante da equipe de coordenação do projeto e pesquisadora da Fiocruz, explica que o estudo analisa os alimentos oferecidos aos alunos, a publicidade direcionada ao público infantojuvenil, e a acessibilidade financeira dos produtos para os estudantes. Em Niterói, por exemplo, 92,5% das cantinas indicam que a preferência dos alunos é um critério na escolha dos itens, enquanto 84,9% consideram a legislação e 73,6% seguem as recomendações das escolas.

Os resultados da pesquisa em Niterói mostram que, entre as cantinas visitadas, 56,6% vendem chocolates, 50,9% refrigerantes e 66% salgadinhos, enquanto frutas frescas estão em 18,9% e suco natural em 43,4%. No Rio de Janeiro, a visita a 138 escolas revela a venda de salgadinhos em 71,1%, chocolates em 72,5%, refrigerantes em 84,7%, com frutas em 9,2% e suco natural em 32,1%. Em Porto Alegre, onde existe legislação específica, 85% das escolas comercializam frutas, 80% sucos naturais, e apenas 5% oferecem salgadinhos, 25% chocolates e 6,7% refrigerantes.

Letícia Cardoso destaca que a pesquisa também revela que a maioria das cantinas é de pequeno porte, administrada por negócios familiares, em escolas de 200 a 500 alunos. Os resultados visam orientar políticas públicas e estão sendo usados para criar material de formação para os responsáveis pelas cantinas. A intenção é fomentar discussões em nível municipal, reconhecendo o potencial de mudanças nesse âmbito. O estudo também destaca iniciativas positivas, como aulas de culinária, hortas e piqueniques, promovendo uma alimentação saudável nas escolas. A abordagem do estudo é propositiva, visando prevenir a obesidade infantil e seus riscos associados, tanto físicos quanto psicológicos.

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